Infarto e AVC em atletas e esportistas
Infarto e AVC em atletas e esportistas
Hábitos saudáveis e a realização de exames de rotina são fundamentais para prevenir e tratar qualquer pessoa com problemas cardiovasculares
Sempre que acontece um caso de morte súbita provocada por infarto ou AVC envolvendo um atleta, um esportista, um praticante assíduo de exercício físico há uma grande comoção. Fica aquela pergunta no ar: como uma pessoa saudável, equilibrada, que se cuida, que realiza exames, pode ter um episódio assim, fatal? No episódio de hoje da série especial “Saúde do Coração: combatendo o infarto e o AVC” converso com a PhD em cardiologia Fabiula Schwartz, cardiologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) e integrante do Time de Especialistas da Maratona do Rio.
Ela explica que os exames de rotina são fundamentais para qualquer pessoa porque são a chance de se detectar alguma coisa, havendo ou não sintomas. “Se pensarmos que a maior causa de morte no mundo é por doença cardiovascular, e que muitas vezes a soma de fatores de risco é o que pode precipitar um evento como AVC ou infarto, especialmente quando o corpo é mais exigido, então é melhor, nesse rastreamento do risco, que façamos um check-up. Ele é a oportunidade de identificar e controlar as condições de risco, inclusive com exercício”.
Segundo a médica, entre as principais causas de morte acima dos 35 anos relacionadas ao esporte estão a arteriosclerose, doença que surge a partir do entupimento das artérias do corpo, potencializadas por fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, tabagismo, sedentarismo e estresse, além do histórico familiar. “O rastreio acima dos 35 anos deve incluir pelo menos exames físico e de sangue, eletrocardiograma, ecocardiograma e teste de esforço”.
Dra. Fabiula Schwartz diz ainda que sintomas de alerta devem ser investigados sempre, mas explica que há casos em que tudo ocorre de forma silenciosa. Por isso é fundamental o rastreio. “Abaixo dos 35 anos a maior ocorrência de mal súbito no esporte é por cardiopatia hereditária, então, saber se existe alguma alteração, ainda que sem sintoma, através de exame físico, entrevista médica, eletrocardiograma é o mínimo indispensável para todo mundo”. Mas, atenção: nada de achar – e de sair falando por aí – que é melhor nem começar a se exercitar! “Se você tem menos de 35 anos, não sente nada, não tem histórico familiar, não crie barreiras para a sua entrada no exercício. Vá fazer exercício, sim, e programe sua avaliação com tranquilidade”.
Para os sedentários convictos, aqueles que preferem acreditar e alardear que exercício físico pode ser perigoso, a médica rebate. “Precisamos fazer uma engenharia reversa. Quando a gente olha e pensa: ‘O que eu quero?’ Eu quero longevidade, eu quero viver mais, eu quero viver com qualidade de vida e não tendo sequelas de problemas de saúde. Então, vamos pensar nas condições que nos protegem disso. A maior causa de morte no mundo é a doença cardiovascular, principalmente infarto e AVC. A segunda maior? Câncer. O sedentarismo está associado a essas duas condições. Além disso, o sedentarismo favorece a obesidade, favorece a hipertensão, favorece o diabetes”. Além de tudo isso, diz, quem pratica exercício físico regularmente acaba adotando hábitos saudáveis que reforçam o autocuidado, escolhe melhor o que vai comer, escolhe se conectar com pessoas que também se cuidam. Ou seja: melhoram a qualidade de vida como um todo.
E para quem adora se exercitar, mas os exames detectaram algum tipo de problema no coração, como é que faz? Quais são as particularidades de monitoramento antes, durante e depois da prática esportiva? “Para quem tem algum problema cardíaco o exercício faz parte do tratamento. Seja para o controle das condições de risco, para o controle da cardiopatia, para mais qualidade de vida, fortalecimento muscular, condicionamento; o exercício faz parte. Por isso, avaliações regulares com cardiologistas, de preferência com experiência em medicina do exercício e do esporte, é fundamental”. Como tudo o que envolve saúde, cada caso é único e deve ser tratado de forma individual, reforça a médica.
“Há casos de indivíduos que se exercitam em alta performance tendo doença cardíaca. Entretanto, temos que fazer o controle da frequência cardíaca, da percepção de esforço e do batimento cardíaco, do conhecimento de sinais como tontura, desmaio, quase desmaio, fadiga desproporcional ao esforço realizado, taquicardia… O controle e a percepção são muito importantes para que se mantenha o nível de esforço, se avalie as condições da competição, se perceba condições adversas externas como calor e aumento da temperatura facilitando hipertermia e desidratação, por exemplo. Nada disso pode aumentar os riscos para essas pessoas”.
SERVIÇO:
Você pode conferir a série especial no ar, às 5h55 da manhã, no site e no canal da Novabrasil, e também no meu canal e nas minhas redes sociais:
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