Vanessa Pedrosa: “Não seja radical em seus pontos de vista”
Vanessa Pedrosa: “Não seja radical em seus pontos de vista”
Como exemplo, vamos avaliar o padrão de comunicação do novo presidente americano Donald Trump
E ontem amanhecemos com a notícia da vitória de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos. Então, é um bom momento para avaliarmos o padrão de comunicação do novo presidente americano.
Ao longo de sua carreira política e empresarial, ele exibiu uma série de comportamentos de comunicação é considerado extremo e radical.
Uso de Linguagem Polarizadora: Trump frequentemente utiliza uma retórica que divide, classificando grupos e indivíduos de maneira oposta, como “inimigos” ou “amigos”.
Ele generaliza e cria estereótipos para falar de grupos de pessoas. Quando um evento ou uma pessoa significa todo mundo.
Ele também faz muito apelo às emoções fortes como medo, raiva e ressentimento em suas falas.
Faz muitos ataques pessoais e cria apelidos pejorativos contra adversários e críticos. Isso é uma tática de humilhação pública para desacreditar oponentes.
Ele é conhecido por evitar discussões que desafiem suas ideias ou decisões. E cria muitas teorias da conspiração para alimentar o sensacionalismo e a desconfiança nas pessoas.
Agora, e no nosso dia a dia, será que fazemos isso?
É nosso dever aprender a detectar e evitar o radicalismo nas outras pessoas e em nós mesmos para garantir uma convivência saudável em sociedade e promover o bem-estar pessoal. Os discursos radicais estão por toda parte, desde aquelas discussões acaloradas que vemos na internet até conversas de bar que acabam em desentendimento. São aquelas frases que ouvimos como “todo político é corrupto” ou “nenhum jovem quer trabalhar hoje em dia”.
Olha o tamanho do problema. Isso faz mal para a nossa saúde. Ontem assisti um vídeo de uma mulher que falava que toda mulher que está na menopausa pode se tratar apenas com exercícios físicos sem medicação. E ela se enaltece dizendo “Olha como eu estou ótima sem medicamentos, só com treino.” A fala dela parece linda, mas é ordinária porque vê apenas o lado dela e gera desinformação e culpa nas mulheres que não conseguem resolver seus problemas de saúde da menopausa.
As transformações tecnológicas e o acesso à informação mudaram a sociedade, causando uma sensação de perda de referências. Isso leva as pessoas a buscarem novas conexões semelhantes na internet, formando bolhas. Apesar de a internet ser um espaço de liberdade de expressão, ela também facilita a disseminação de discursos de ódio. “Além disso, estamos vivendo uma disfunção narcotizante, causada pelo excesso de informações, que nos anestesia e faz com que as pessoas filtrem a verdade com base em crenças pessoais”. As fake news exploram isso, usando o volume de informações e apelo às crenças individuais para ganhar credibilidade. (Professora Daniela Oswald – ECA USP)
Para não cair nesse tipo de comportamento, temos que ter pensamento crítico e questionarmos o que ouvimos, falamos e onde nos informamos. Temos que ler diferentes conteúdos, assistir diferentes jornais para crescer com nossa própria opinião e não com uma opinião formatada que chegou nos nossos ouvidos. Sempre que eu escuto uma frase feita com cara de radical eu tenho vontade de rir porque parece uma criança falando.
A empatia e a escuta aberta nos permitem escutar e entender mesmo quando não concordamos e muitas vezes gerar novas ideias.
E gente, ser radical prejudica a nossa saúde mental, porque causa ansiedade e estresse.
Quero finalizar concluindo com uma frase de um filósofo Sul coreano chamado Byung-Chul Han em seu livro Infrocracia: digitalização e a crise da democracia. que diz que a Crise da democracia é, antes de mais nada, uma crise da escuta atenta. Hoje, cada um presta homenagem ao culto de si mesmo. Ouvir atentamente é um ato político, à medida que só com a escuta as pessoas formam uma comunidade e se tornam capazes de discursar.