Hoje é o aniversário de Antônio Pecci Filho, o Toquinho, um dos maiores nomes da música popular brasileira!

Violonista dos melhores que este mundo já viu, cantor e compositor altamente sensível, Toquinho, com mais de 55 anos de carreira, tem mais de 90 discos lançados e mais de 500 composições, sendo um dos artistas mais produtivos e que mais contribuiu para a história da nossa música.

O artista traz em sua obra – ao mesmo tempo – simplicidade e sofisticação, e mescla influências populares e eruditas de forma brilhante. 

Para celebrar esta data e homenagear o aniversariante do dia, preparamos uma matéria especial sobre Toquinho para vocês!

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Aniversário de Toquinho: Relembre a trajetória do artista. | Foto: Montagem/ Reprodução

A infância e o encontro com a música

Nascido em São Paulo, capital paulista, e corinthiano roxo, seu apelido era Toninho, mas por razão de ter demorado um pouco a ganhar altura na infância, o apelido mudou para Toquinho e assim seguiu para sempre.

A música começou a entrar em sua vida ainda na infância, por meio da coleção de discos de seu pai, grande apreciador de gêneros musicais diversos. Escutava Luiz Gonzaga, Ângela Maria, Francisco Alves, Vicente Celestino, Orlando Dias, Nelson Gonçalves e Vinicius de Moraes. Mas também apreciava música clássica, como Chopin e o italiano Beniamino Gigli, além do rock’n roll de Elvis Presley e da banda The Platters.

Aluno brilhante, sempre o primeiro da classe, Toquinho se cobrava demais, querendo sempre atingir os melhores resultados na escola. Sua mãe, preocupada, insistiu que ele fizesse uma atividade extra, que lhe tirasse o peso daquelas cobranças. Toquinho escolheu então aprender violão.

Isso foi bem na época em que saiu o primeiro disco de João Gilberto – Chega de Saudade, de 1959 – que, com a sua maneira peculiar de tocar violão e seus acordes dissonantes, influenciou demais o jovem admirador Toquinho

Seu desempenho brilhante na escola, refletiu-se logo nas primeiras aulas de violão – aos 14 anos, com Paulinho Nogueira – e Toquinho passou a dominar o instrumento com maestria e habilidade técnica impressionante. Logo o professor introduziu Toquinho no universo do violão, apresentando-o a diversos outros violonistas e levando o garoto para apresentar-se em clubes e faculdades.

Aniversário de Toquinho: Relembre o início de sua carreira

Aos poucos, Toquinho foi criando seu estilo próprio. Escutava com muita atenção as gravações de Baden Powell – considerado um dos maiores violonistas de todos os tempos e grande parceiro de Vinicius de Moraes naquela época – e procurava aprender cada vez mais, amadurecendo como instrumentista e aprimorando-se na técnica.

Depois, passou a estudar com o violonista Edgard Gianullo e ficou muito amigo de Oscar Castro Neves, cantor, compositor, instrumentista e diretor musical, que ajudou a lançar a Bossa Nova – nacional e internacionalmente – ao lado de nomes como João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Oscar também foi fundamental na formação de Toquinho como artista, assim como a amizade com Chico Buarque, que trouxe a ele a liberdade de não se prender a somente uma tendência musical e a valorizar compositores como Noel Rosa, Ismael Silva e Lamartine Babo.

Em 1964 Toquinho fez sua primeira aparição em um programa de televisão, o Hully-Bossa, de Walter Silva, na TV Record, tocando a música Consolação (de Vinicius de Moraes e Baden Powell). Depois, apresentou-se – junto com outros jovens e promissores talentos da época – no show Mens Sana in Corpore Samba, também de Walter Silva.

Com 18 anos, estreava no Teatro Maria Della Costa, no elenco do musical Balanço de Orfeu, a convite do diretor Luiz Carlos Vergueiro, que conheceu Toquinho tocando violão e ficou impressionado com o talento do músico. A peça era uma condensação de Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes

No mesmo ano, Toquinho foi convidado para assumir a direção musical do espetáculo de protesto Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes, em São Paulo, no lugar de Oscar Castro Neves. Um desafio para um jovem artista, que Toquinho encarou também com maestria.

A primeira composição em disco, o primeiro álbum e o primeiro festival de Toquinho

Ainda em 1964, a primeira melodia de Toquinho recebe uma letra, escrita por seu amigo Chico Buarque: surgia então a canção Lua Cheia, primeira música de Toquinho a ser gravada em disco, três anos depois, no LP Chico Buarque de Hollanda – Volume 2. A parceria com Chico viria a se repetir anos mais tarde, em outras canções, e a amizade dura uma vida toda.

Em 1965, Toquinho apresentou-se ao lado de Sérgio Ricardo no espetáculo Este Mundo É Meu, uma micro revista musical, dirigida por Francisco de Assis. Entre músicas e histórias, Toquinho e Sérgio liam notícias de jornal que traduziam a dura realidade do país em tempos sombrios de ditadura militar.

Também em 1965, Toquinho lançou o seu primeiro compacto, com gravações ao vivo das canções Só Tinha de Ser Com Você (de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira) e Primavera (de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes). 

Em 1966, o artista gravou o seu primeiro LP, o Violão do Toquinho, com solos de violão apoiados pelo órgão de Ely Arcoverde, pela flauta de Thommas Lee e pela bateria de Roberto Marco Antônio. Das 13 faixas do disco, cinco são de Vinicius de Moraes

Entre elas, Canto de Ossanha e Deixa (com Baden Powell) e Valsa de Eurídice. As outras faixas são de compositores como Chico Buarque, Edu Lobo e Geraldo Vandré, além de uma gravação única da única composição de Elis Regina – de quem Toquinho era muito amigo – em parceria com Valter Silva: Triste Amor Que Vai Morrer.

No 3º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, em 1967, Toquinho inscreve sua canção Belinha (em parceria com Vitor Martins), defendida por Wilson Simonal. Mesmo não tendo se classificado, Belinha foi a primeira canção de Toquinho a tocar no rádio. Já a canção Boca da Noite (de Toquinho com Paulo Vanzolini) classificou-se – no ano seguinte – para a final do 3º Festival Internacional da Canção, ficando em 8º lugar. 

Roma e os primeiros grandes sucessos

Em 1968, Toquinho foi pela primeira vez para a Europa, fazer os arranjos de um disco de Chico Buarque e apaixonou-se por Roma, cidade em que Chico havia se exilado, por conta dos tempos duros de perseguição aos artistas e às liberdades, em plena ditadura militar. 

Em 1969, Toquinho voltou à cidade para fazer uma temporada de shows ao lado do amigo – somente os dois e seus violões – ficando lá por seis meses.

Ainda na Itália, emprestou a qualidade de seu violão para um disco em homenagem a Vinicius de Moraes: A Vida, Amigo, É A Arte do Encontro. Título sugestivo, para a arte do encontro que aproximou os dois artistas pouco tempo depois, em uma parceria que transformou para sempre a história da música brasileira e a vida do jovem Toquinho.

Antes de voltar para o Brasil, Toquinho deixou um tema de despedida pelo tempo que passaram juntos, para que Chico colocasse a letra. Assim, nasceu a canção Samba de Orly: “Vai meu irmão, pega esse avião, você tem razão de correr assim deste frio… Vê como é que anda aquela vida à toa, e se puder, me manda uma notícia boa”.

Mais tarde, Vinicius de Moraes também entraria como parceiro na composição, ao alterar um verso da canção. O poeta sugeriu que substituíssem a frase “Peço perdão pela duração desta temporada”, que achou muito leve para retratar o que Chico tinha passado no exílio, por “Peço perdão pela omissão um tanto forçada”. A frase não passou pela censura, mas Vinicius continuou assinando a composição.

Também em 1969, Toquinho tornou-se parceiro de Jorge Ben Jor. Com ele, compôs o seu primeiro grande sucesso, Que Maravilha. Os dois apresentaram a música em um concurso da TV Tupi e ela foi a grande campeã. Logo, tornou-se um hit e passou a tocar em todas as rádios. No mesmo compacto em que lançaram Que Maravilha, estava a canção Carolina, Carol Bela, também dos dois compositores.

A partir desses acontecimentos, Toquinho começou a ganhar destaque como compositor. Tornou-se integrante do programa Ensaio Geral, da TV Excelsior, ao lado de outros artistas, como o seu antigo professor Paulinho Nogueira, Maria Bethânia, Geraldo Vandré, Nana Caymmi e Marília Medalha.

Em 1970, o músico lançou seu segundo disco, Toquinho, com composições suas e de parceiros, no qual também se arriscou pela primeira vez como cantor. Está nesse disco, além dos dois sucessos em parceria com Jorge Ben Jor, a canção Na Água Negra da Lagoa.

No mesmo ano, Toquinho fez a direção musical do espetáculo Tudo Novo de Novo, com Marília Medalha, Gianfrancesco Guarnieri e Miriam Muniz. Com Guarnieri, compôs outras canções para teatro, como na trilha da peça Botequim, de 1973.

O grande encontro com Vinicius de Moraes

Ao escutar o violão de Toquinho no disco que o homenageava, Vinicius de Moraes fica impressionado com o talento do violonista. Eles não haviam se encontrado durante as gravações na Itália e tinham se falado apenas uma vez na vida, em outra ocasião. O poeta – grande ídolo de Toquinho – convidou-o para acompanhá-lo numa temporada de shows em Buenos Aires, na Argentina.

Logo no navio de ida, começaram a construir uma linda amizade e a parceria de uma vida toda. Toquinho mostrou uma composição sua para Vinicius, que – dois meses depois – colocou a letra, tornando-se a primeira de muitas de suas canções juntos: Como Dizia O Poeta.

Ainda em 1970, fizeram o seu primeiro show juntos, que foi um sucesso absoluto. Logo em seguida vieram as canções À Benção, Bahia e Mais Um Adeus.

O show que fizeram em Buenos Aires – ao lado da cantora Maria Creuza – vira disco, ainda sem nenhuma composição da dupla, mas uma das mais belas joias gravadas da música brasileira.

Em 1971, lançaram o primeiro disco com suas composições em parceria, originado a partir de um show que fizeram com Marília Medalha. Neste disco, está o grande clássico Tarde em Itapoã.

Um dos maiores sucessos da música popular brasileira, Tarde em Itapoã consagrou de vez a parceria de Toquinho e Vinicius. Na composição, primeiro Vinicius escreveu a letra e, depois, Toquinho a musicou, sem mexer em uma sílaba sequer, o que o fez conquistar ainda mais – e para sempre – a confiança do poeta.

Logo, Vinicius e Toquinho passaram a dominar todos os espaços: dos circuitos universitários aos grandes teatros, das turnês nacionais e internacionais às trilhas de novelas (como a histórica O Bem Amado, de 1973, em que compuseram a trilha completa, com canções como a de abertura – com o mesmo nome da novela – Cotidiano Nº2 e Meu Pai Oxalá). 

Gravaram diversos discos juntos, de 1970 até o fim da vida de Vinicius. Muitas vezes acompanhados de uma figura feminina, como foi o caso de Maria Bethânia, Clara Nunes, Marília Medalha, Maria Creuza e Simone, Outras vezes, se apresentavam sozinhos, tocando e cantando suas canções.

Em 1971, voltaram para Buenos Aires para um show, que também vira disco, acompanhados de Maria Bethânia. Entre as canções, além de Tarde em Itapoã, estão as clássicas parcerias da dupla: A Tonga da Mironga do Kabuletê, Testamento e Samba da Rosa.

Toquinho compôs, em homenagem ao parceiro de uma vida, a canção Samba para Vinicius, na qual Chico Buarque colocou a letra, em que sintetizava perfeitamente Vinicius de Moraes. A primeira parte toda iniciando predominantemente com a letra P, de Poeta, e a segunda parte com a letra V, de Vinicius.

Em 1974, Toquinho, Vinicius e Clara Nunes, apresentam o show O Poeta, a Moça e o Violão, no Teatro Castro Alves, em Salvador.

Toquinho e Vinicius fizeram muitas apresentações pela Itália e tornaram-se conhecidos no país. Lá, gravaram alguns álbuns, entre eles o clássico Toquinho e Vinicius – O Poeta e O Violão, em 1975.  

Também em 1975, lançaram o álbum Vinicius e Toquinho, que conta com a canção Choro Chorado para Paulinho Nogueira, em homenagem ao antigo professor de Toquinho, e uma parceria dos três artistas.

Foi na Itália também, em 1976, que gravaram um LP com a cantora italiana Ortega Vanoni –  La Voglia, La Páscoa, L’inconscenza, L’alegria – que tornou-se um dos mais importantes da vida da dupla.

Em 1977, os parceiros juntam-se à outra dupla de peso – Tom Jobim e Miúcha – para um show apoteótico no Canecão, no Rio de Janeiro. O show ficou em cartaz por sete meses seguidos, sempre com lotação máxima de público.

Em 1978, o quarteto saiu em turnê internacional com o show, passando pela Argentina e por países da Europa. O encontro também virou disco ao vivo, importantíssimo para a MPB.

Em 1979, Toquinho e Vinicius comemoraram 10 anos de parceria em um show inesquecível, que rodou o Brasil. Vinicius tinha 65 anos, Toquinho 33. Juntos, já tinham gravado mais de 20 LPs, escrito mais de 100 canções e feito mais de mil shows, com composições de sucesso, que fizeram história na música popular brasileira.

Além do show, um LP com 28 canções dos dois, celebrava os 10 anos de encontro.

Foram centenas de composições juntos e é difícil destacar só algumas. Além das já citadas, são exemplos: Morena Flor, Samba da Volta, Regra Três, A Vida Tem Sempre Razão, O Velho e a Flor, Carta ao Tom 74, Canto de Oxum, É Duro Trabalhar, Sem Medo, Valsa Para Uma Menininha e tantas outras.

O show de encerramento da temporada de 10 Anos de Parceria também foi a última vez de Vinicius no palco. O poeta faleceu um ano depois, em julho de 1980, aos 66 anos, depois de ter passado por duas isquemias cerebrais e sofrer um edema pulmonar. Toquinho esteve presente nos últimos minutos de vida do amigo, pois estava hospedado em sua casa para uma temporada de shows com Francis Hime, no Rio de Janeiro.

Passaram as últimas horas de vida de Vinicius juntos, fazendo o que mais gostavam: tocando, cantando e proseando, planejando o próximo disco, baseado no livro de poemas infantis de Vinicius, Arca de Noé.

No disco Um pouco de Ilusão, de 1980, pouco antes da partida de Vinicius, Toquinho dobrou sua voz em seis canais e – com a ajuda de um efeito fonográfico – criou a sensação de estarmos ouvindo a voz do poeta junto a dele, mesmo Vinicius não tendo cantado uma só nota, pois já estava com a saúde debilitada.

Toquinho segue honrando o amigo e sua obra em tudo o que faz, até os dias de hoje.

Obra infantil

Em 1980 e 1981, são lançados dois discos com a obra infantil completa de Toquinho e Vinicius: Arca de Noé 1 e Arca de Noé 2, com várias participações de peso como Tom Jobim, Moraes Moreira, Milton Nascimento, As Frenéticas, MPB4, Elis Regina, Alceu Valença, Grande Otelo, Ney Matogrosso e Chico Buarque. 

Os discos trazem poemas do livro homônimo, musicados por Toquinho e Vinicius, e as canções têm os nomes dos bichos da arca. Cada artista convidado interpreta um animal ou um elemento do livro. Entre as canções mais famosas: O Pato (de Toquinho, Vinicius e Paulo Soledade), A Casa (poema musicado por Vinicius) e O Filho Que Eu Quero Ter (de Toquinho e Vinicius).

A partir desses trabalhos, nota-se uma expressiva sensibilidade de Toquinho com relação ao mundo da criança. Hoje, adultos com mais de trinta anos cantam com seus filhos as canções que cantavam, ainda crianças, durante a década de 1980, quando surgiram ainda mais dois dos quatro trabalhos originais do artista para o público infantil.

Em 1983, seguindo ainda no seu trabalho com o público infantil, Toquinho lança o disco Casa de Brinquedos, em que quase todas as músicas são em parceria com Mutinho, baterista que o acompanhou por mais de 20 anos e sobrinho de Lupicínio Rodrigues. Mutinho é o segundo parceiro mais produtivo de Toquinho, com quase 30 canções juntos, entre elas Ao Que Vai Chegar e Canção Para Jade, ambas feitas para os filhos de Toquinho.

Em Casa de Brinquedos, cada artista convidado interpreta as canções que contam as histórias de elementos que fazem parte de uma casa de brinquedos. Como o sucesso O Caderno (interpretada por Chico Buarque); A Bicicleta (interpretada por Simone); A Bailarina (por Lucinha Lins); e O Avião (pelo próprio Toquinho).

Em 1987, surgiu o mais importante entre todos os seus trabalhos musicais voltados para a infância. Como fonte de inspiração na Declaração Universal dos Direitos da Criança, com 10 princípios aprovados pela Assembleia Geral das Nações Unidas e tratando de verdadeiras receitas de humanismo, Toquinho lançou, em parceria com Elifas Andreato, o disco Canção de Todas as Crianças.

Cada Direito virou uma canção que fala de coisas seríssimas, com a visão das crianças, que – brincando – mostram a importância dos seus direitos. Algumas das canções do disco são: Bê-a-bá, É bom ser Criança, Errar é Humano, Herdeiros do Futuro e Natureza Distraída.

Esse disco representa, sem dúvida, o mais importante trabalho que já se fez no Brasil objetivando a criança, tendo recebido da ONU uma carta como reconhecimento por essa contribuição à humanidade. Depois desses quatro trabalhos, Toquinho penetrou no âmbito escolar e social, tendo forte relevância até os dias atuais. Sua obra é utilizada nos mais amplos contextos da infância, em projetos educativos e sociais, muitos deles visando, tanto a alfabetização dos pequeninos quanto despertar, através da música, o interesse da criança pela arte e pela cultura brasileira.

As canções desse projeto ganharam uma nova dimensão em 1997, tendo sido lançadas novamente no CD Toquinho e Convidados. O disco também foi lançado em castelhano.

Toquinho gravou discos especialmente para serem utilizados por professores de algumas dessas escolas, tornou-se padrinho musical e parceiro do Projeto Guri, programa sociocultural voltado para a formação musical de crianças e adolescentes, no período do contraturno escolar. Toquinho gravou um CD inteiro acompanhado dos jovens alunos integrantes das orquestras do projeto, no ano de 2002. 

Participou também de concertos na Itália – que também viraram disco – e que angariavam fundos para projetos de ressocialização social de crianças e adolescentes de Belém do Pará.

Aquarela, sucesso para relembrar no aniversário de Toquinho

Mas, voltando um pouco no tempo, antes desses últimos discos citados, o mundo pôde conhecer o maior sucesso da vida de Toquinho, também grande sucesso entre o público infantil: a canção Aquarela.

Durante todos os seus anos de carreira, Toquinho teve uma relação muito estreita com o público italiano: fez diversas turnês pelo país, gravou discos inteiros em italiano e fez parcerias importantes por lá, tornando-se um artista muito conhecido.

Com o músico italiano Maurizio Frabrizio, gravou quatro discos entre 1983 e 1994. As letras em italiano, recebiam versões de Guido Morra – em sua maioria  – ou Sérgio Bardotti, que também já havia trabalhado em outros discos em italiano de Toquinho, desde a época de Vinicius.

Na primeira vez que foi trabalhar com Maurizio, Toquinho pediu que ele lhe mostrasse suas composições, que mostraria as dele e assim poderiam criar juntos. Quando o italiano mostrou sua primeira canção, Toquinho percebeu que era muito parecida com a sua música com Vinicius de Moraes, Uma Rosa em Minha Mão, de 1974. Uma canção se encaixava na outra naturalmente. Juntaram as duas e depois compuseram mais oito músicas para o disco.

Maurizio voltou para a Itália para criar os arranjos e trabalhar com o letrista, Guido Morra, que fez as letras de todas as canções. Quando Toquinho chegou na Itália, em 1982, para fazer a temporada de shows e gravar o disco, ele imaginava que aquela, que compuseram primeiro, seria mais uma entre as várias canções do álbum. O que ele não esperava é que Guido tivesse colocado uma letra tão linda e impactante como Acquarello

Sim! Aquarela, de Toquinho, Maurizio, Guido e Vinicius de Moraes, primeiro teve sua letra em italiano! A música fez um sucesso tão estrondoso na Itália, que Toquinho tornou-se o primeiro artista brasileiro a ganhar um disco de ouro no país. Resolveu então, fazer uma tradução da letra para gravar a canção em português. 

O resto da história vocês já sabem: Aquarela, lançada em um disco homônimo, em 1983, virou uma das canções mais importantes da música popular brasileira, conhecida por 10 em cada 10 brasileiros e entoada por todos os cantos.

A canção fez Toquinho tornar-se conhecido mundialmente e, desde então, o artista segue produzindo, compondo, gravando e apresentando um sucesso atrás do outro, sempre com maestria em tudo o que faz.

Seu último disco – Novas Cores, Eternas Canções – foi lançado em 2023.

Playlist Especial do Aniversário de Toquinho

Para homenagear os 77  anos de Toquinho, fizemos uma Playlist Especial com os 45 principais sucessos do artista, listados em ordem cronológica de quando foram lançados.

Então, se você seguir a playlist na sequência, fará uma viagem pela vida e pela obra do aniversariante do dia.

  1. Lua Cheia (Toquinho, por Chico Buarque)
  2. Belinha (Toquinho e Vitor Martins) 
  3. Boca da Noite (Toquinho e Paulo Vanzolini) 
  4. Samba de Orly (Toquinho, Vinicius de Moraes e Chico Buarque)
  5. Que Maravilha (Toquinho e Jorge Ben Jor)
  6. Carolina, Carol Bela  (Toquinho e Jorge Ben Jor)
  7. Na Água Negra da Lagoa  (Toquinho e Jorge Ben Jor)
  8. Como Dizia O Poeta (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  9. À Bênção, Bahia  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  10. Mais Um Adeus  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  11. Tarde em Itapoã (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  12. O Bem Amado  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  13. Cotidiano Nº2  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  14. Meu Pai Oxalá  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  15. A Tonga da Mironga do Kabuletê   (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  16. Testamento  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  17. Samba da Rosa  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  18. Samba para Vinicius  (Toquinho e Chico Buarque) 
  19. Choro Chorado para Paulinho Nogueira   (Toquinho, Vinicius de Moraes e Paulinho Nogueira)
  20. Morena Flor  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  21. Samba da Volta  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  22. Regra Três  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  23. A Vida Tem Sempre Razão  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  24. O Velho e a Flor  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  25. Carta ao Tom 74  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  26. Canto de Oxum  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  27. É Duro Trabalhar  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  28. Sem Medo  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  29. Valsa Para Uma Menininha  (Toquinho e Vinicius de Moraes)
  30. Se Ela Quisesse (La Voglia La Pazzia) (Toquinho/Vinicius de Moraes/Vrs. Sergio Bardotti)
  31. O Pato (de Toquinho, Vinicius e Paulo Soledade)
  32. A Casa (Vinicius de Moraes)
  33. O Filho Que Eu Quero Ter (de Toquinho e Vinicius)
  34. Ao Que Vai Chegar (Toquinho)
  35. Canção Para Jade (Toquinho)
  36. O Caderno (Toquinho e Elifas Andreato, por Chico Buarque)
  37. A Bicicleta (Toquinho por Simone)
  38. A Bailarina (Toquinho e Mutinho, por Lucinha Lins)
  39. O Avião (Toquinho)
  40. Bê-a-bá  (Toquinho e Elifas Andreato)
  41. É bom ser Criança  (Toquinho e Elifas Andreato)
  42. Errar é Humano (Toquinho e Elifas Andreato) 
  43. Herdeiros do Futuro  (Toquinho e Elifas Andreato) 
  44. Natureza Distraída  (Toquinho e Elifas Andreato)
  45. Aquarela (Toquinho/Vinicius de Moraes/Guido Morra/Maurizio Fabrizio)